Um estranho na foto

Neste momento, em todos os lugares do mundo, há vida. Há vaivém.

Esta foto foi tirada em 1997, momento em que parei naquele lugar que, na hora, era tão bonito e diferente aos meus olhos, em Barcelona, para dar uma olhada na movimentação, nas pessoas indo e vindo, no zumzum da vida dali.

O desconhecido casual da foto estaria pensando exatamente em quê? – Em qualquer coisa. – pensei eu. – Menos na possibilidade de estabarcelona rua 1r sendo acidentalmente fotografado por um brasileiro bobo que veio do outro lado do mapa, com sua câmera elegante da época – adquirida com muito esforço e várias prestações. Pensando nos outros mundos a que provavelmente jamais iria, nas pessoas que nunca conheceria, por falta de tempo, oportunidade, grana; exceto vontade? Será que ele tinha consciência de outros mundos? Se sim, isso chamava a sua atenção de algum modo, pelo menos? Ele tinha, talvez, algum desejo de andar por eles como eu, arriscar-se à procura de um grande amor para viver, declarar suas paixões numa língua que não a sua, ficar temporariamente em um lugar para guardar memórias e sentir saudade de lá para o resto da vida? Talvez ele já tivesse vivido tudo isso, ou até mais, mas eu não sabia. Tratava-se de um desconhecido cujo nome jamais saberia, cuja voz jamais ouviria, como, de fato, nunca soube nem ouvi. Onde estará ele hoje, dessabendo que está registrado numa foto no álbum de alguém que não sabe existir? E os outros que aparecem ao fundo? Quem são eles?

É possível que eu, você, qualquer um, esteja na foto de algum álbum desconhecido e perdido pelo mundo; não é mesmo? Como isso lhe soa?

Publicado por

Ed Zaccaron

English Teacher Writer

19 comentários em “Um estranho na foto”

  1. Nossa, Édi. Às vezes me pergunto o mesmo.. fico pensando se alguém gostaria de estar cá tanto quanto eu gostaria de estar lá. E sobre estar perdido numa foto alheia, realmente nunca nem passou por minha cabeça.

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  2. O importante é sabermos que estamos à frente de outros, uns que pensam, outros que pensam demais, e há aqueles que não pensam nada, apenas andam. Você é o que está à frente de seu tempo, pelo seu dinamismo, e ao seu redor. O mundo é pequeno para você, que viaja no pensamento e nas lembranças de tantos que passaram pelas suas mãos de MESTRE, e os deu um norte a ser seguido. Parabéns pela iniciativa, pelo seu dinamismo.

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  3. Édi ..meu amigo .
    Essa historia ..se repete tantas vezes …um olhar perdido um rosto estranho .
    Quantas coisas por de trás ..para nós é mais um numa paisagem.
    Que bom seria …se pudésemos ..ir alem ..e enchergar o seu intimo ..seria tantas ” surpresas.”agradaveis ..
    Acredito ..mais boas que ruins . .
    Voce por ex : Passa derrepente uma imagem de uma pessoa serissima ..mas para quem tem o previlégiode conhece-lo melhor ….e desfrutar de sua amizade ira logo perceber o doce de criatura que é .
    Abraço . Ti gosto muito …muito ….
    Bj
    Sionéia .

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  4. Édi gostei muito do texto! Eu pessoalmente já me peguei “andando” entre as pessoas e me perguntando qual direção seguir e o que estaria pensando meu semelhante naquele momento? Somos cabeças pensantes o tempo todo! Em busca de nós mesmos talvez! Parabéns por seu trabalho! grande abraço!

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  5. Eu gostaria de estar em muitos álbuns. Seria como se uma parte de mim continuasse vivendo aquele momento. Loucuras da minha cabeça. rsrs

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  6. Ah, meu caro, acredito que somos todos parte integrante de um “albúm” maior: o do mundo…rs
    Adorei a iniciativa, parabéns.
    Estamos precisando é disso mesmo: textos leves, despretenciosos e com os quais nos identificamos. Crônicas do Édi!!!!! Bjs, amigo!!!!

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